Manutenção em linha viva em Sistema de Transmissão de 345 kV


Manutenção em linhas de transmissão de energia elétrica energizadas foi implantada por FURNAS nos anos 70 e representou importante avanço tecnológico

 

Publicado em 02/07/2021

FURNAS realiza mutirão para troca de 90 isoladores na Linha de Transmissão (LT) 345 kV Campos – Macaé 1, de 21/6 a 03/07, entre os dois municípios do interior do estado do Rio de Janeiro. O trabalho será executado por cerca de 30 profissionais e consiste na troca dos componentes sem afetar a transmissão de energia, ou seja, a manutenção é feita com a linha de transmissão energizada. 

A cadeia de isoladores é uma parte fundamental para o adequado funcionamento da Linha de transmissão, pois além de sustentar o cabo que conduz a energia, ela também é responsável por separar a parte energizada, que é o cabo, da parte desenergizada que é a torre. Com a substituição programada dos isoladores, Furnas pretende aumentar a disponibilidade da LT evitando desligamentos por falhas e evitando também o desligamento programado pois fará a manutenção utilizando a técnica de manutenção em linha viva.

A técnica chamada “manutenção em linha viva”, que completa 51 anos em 2021, foi trazida dos Estados Unidos pela empresa Chance e representou importante avanço tecnológico para o setor elétrico brasileiro. “Antes, uma operação do tipo exigia a interrupção do fornecimento, podendo deixar municípios e milhares de pessoas sem energia. Com a nova técnica, isso não foi mais necessário, possibilitando maior confiabilidade para o setor elétrico e benefícios para a sociedade”, explica o engenheiro eletricista Gerson Resende, do Departamento de Linhas de Transmissão de FURNAS. 

Apenas como exemplo, para a realização da mesma manutenção com a linha desenergizada, seriam necessários desligamentos por vários dias dessa importante linha de transmissão de energia, o que tornaria inviável sua execução tendo em vista a necessidade de atendimento à transmissão de energia elétrica. 

A iniciativa também permitiu a especialização dos profissionais eletricistas de linha de todo o setor elétrico, que passaram a exercer funções e tarefas mais técnicas e com alto nível de segurança. Por conta da importância, da qualidade e dos riscos inerentes da atividade, FURNAS também se consolidou como referência para as demais empresas do setor, e passou a fornecer consultorias para outras empresas do mercado de energia. 

À época, o sistema de transmissão de FURNAS em extra alta tensão (vale lembrar que o Sistema Interligado Nacional foi criado em 1998) tinha uma responsabilidade de fornecimento de energia em larga escala, por meio de linhas de 345kV e, portanto, a manutenção não podia ser feita com riscos de desligamentos frequentes de suas linhas. Hélio Fernandes Machado, Renato Leal Crusius e Celso Rezende Magalhães, profissionais do Departamento de Transmissão, foram os primeiros a receber o treinamento para manutenção em “linha viva”.  "Adquirimos o equipamento da AB Chance e tivemos o primeiro treinamento com a própria empresa, no campo da Usina de Furnas, em tensão de 345 kV. Também fizemos especializações nos EUA e Canadá e, a partir daí, passamos a coordenar o treinamento para os demais empregados da companhia”, relembra o engenheiro aposentado Renato Crusius, de 76 anos.

A partir da experiência bem-sucedida de FURNAS, as demais empresas de transmissão do país, como Chesf, Cemig, Copel, Eletrosul e Eletronorte também passaram a treinar seus eletricistas  e adotaram a aplicação da técnica. “Além do aumento da confiabilidade do sistema elétrico, ao disponibilizar maior fornecimento de energia aos consumidores sem interrupções, a metodologia mostrou-se mais técnica, qualificada e segura”, reforça Gerson Resende. 

Com o decorrer dos anos, a manutenção em linha viva evoluiu, desde as técnicas adotadas até os critérios de segurança, formação e qualificação dos eletricistas. “O ineditismo de FURNAS e as primeiras experiências foram fundamentais para as práticas adotadas no mercado hoje. As demais empresas nacionais também deram enorme contribuição ao setor elétrico brasileiro, a partir do momento em que foram adaptando a técnica às suas necessidades, evoluindo na aplicação da metodologia em níveis de tensão mais elevados. FURNAS hoje executa a atividade em LTs de 138, 230, 345, 500, 600 e 750 kV. Além disso, vale lembrar que a atual Regulação do Setor impõe descontos de receitas por parcela variável (PV) às transmissoras para desligamentos, até mesmo programados. Logo, além da técnica em linha viva ser benéfica ao sistema e à sociedade, ajuda a proteger receitas da companhia”, conclui Ricardo Abdo, gerente de Linhas de Transmissão de FURNAS.


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