Projetos da Eletrobras são destaque no segundo dia do Congresso Brasileiro do Hidrogênio

Em painel sobre o setor elétrico, foram apresentadas as rotas tecnológicas, desafios e oportunidades para o desenvolvimento da cadeia do combustível

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Crédito: Marina Bertuzzo


Descarbonização e segurança energética são dois objetivos estratégicos a que a Eletrobras está atenta ao investir na produção de hidrogênio verde – usando fontes renováveis. As rotas tecnológicas, os desafios e as oportunidades identificadas pela empresa foram o tema da palestra de Alexandre de Castro Pereira, gerente da Divisão de Tecnologia em Engenharia Civil e Hidráulica da Eletrobras Furnas, no painel sobre o setor elétrico, que abriu o segundo dia do Congresso Brasileiro do Hidrogênio, em Maricá, nesta terça-feira, 30/5.

“O Brasil desponta como protagonista no desenvolvimento da cadeia do hidrogênio se considerarmos a matriz elétrica do país: são mais de 200 GW de capacidade instalada e 85% é de fonte renovável. Uma das rotas de produção do hidrogênio é a eletrólise e 70% do custo de produção do hidrogênio é de energia”, explicou o executivo.

Alexandre também comentou sobre as demandas de hidrogênio mencionando dados da Agência Internacional para as Energias Renováveis (IRENA) e da consultoria McKinsey. Para 2050, a IRENA projeta uma demanda mundial de 600 milhões de toneladas de hidrogênio. Os estudos da McKinsey apontam que o Brasil em 2040 poderia atender a uma demanda interna de 9 milhões de toneladas e exportar até 4 milhões de toneladas para os Estados Unidos e Europa. “Para tanto, seria necessário aumentar a capacidade de geração de energia por fontes renováveis. O Plano Nacional de Energia já prevê essa expansão, mas ela teria que ser antecipada em dez anos”, disse.

Depois da contextualização, Alexandre de Castro apresentou os estudos em desenvolvimento pela Eletrobras Furnas referentes a armazenamento do hidrogênio, uso do combustível na siderurgia em substituição ao gás natural, uso pelo agronegócio e aplicações industriais diversas.

Mediado pelo vice-presidente da Associação Brasileira do Hidrogênio (ABH2), Sergio Pinheiro de Oliveira, o painel contou ainda com as participações da gerente do Departamento de Inovação Tecnológica e Eficiência Energética da Eletronorte, Marina Lodi, e da coordenadora de Inovação da Eletronuclear, Karla Lepetitgaland.

Marina Lodi apresentou o projeto Balbina Green Connection, desenvolvido pela Eletronorte em parceria com o Instituto Senai de Inovação para articulação entre indústrias e startups e composição de um portfólio de iniciativas em hidrogênio. Foram selecionados três projetos que receberão investimentos da ordem de R$ 200 milhões: basicamente, eles abarcam a geração a partir de fonte fotovoltaica, a conversão, a eletrólise, o armazenamento do gás e seu uso por um grupo gerador. “É um projeto isolado, em que o consumo se dá no local da geração”, disse a gerente.

Karla Lepetitgaland contou que a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, que congrega as usinas de Angra 1, Angra 2 a Angra 3 (prevista para operar em 2028), produz hidrogênio há 25 anos, como subproduto da eletrólise salina. Ela falou sobre os atributos da fonte nuclear para a geração de hidrogênio, destacando a baixa emissão de gás carbônico, o fator de capacidade (93%), a ocupação reduzida de terras na produção do combustível, a eficiência na conversão para energia elétrica, entre outros. Segundo ela, os reatores são modulares, pequenos, seguros, muito simples e versáteis, permitindo usos múltiplos do hidrogênio. “Para a geração de hidrogênio vamos precisar de todas as fontes, não podemos ignorar a nuclear e suas vantagens. Não existe a melhor fonte e sim a melhor oportunidade”, defendeu.

Promovido pela Associação Brasileira do Hidrogênio (ABH2), o Congresso Brasileiro de Hidrogênio segue até 31 de maio, tendo a Eletrobras como patrocinadora, por meio das subsidiárias Eletrobras Furnas e Eletronorte. Estão reunidos pesquisadores, autoridades e representantes de empresas brasileiras e internacionais.
 

Por: Leonardo Cunha