Eletrobras Furnas cria módulo nacional pioneiro de energia termossolar

Projeto piloto garante que 75% da irradiação captada seja transformada em calor

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Crédito: Luiz Fernando Zutto


A Eletrobras Furnas acaba de concluir o projeto de Pesquisa e Desenvolvimento - P&D da ANEEL (PD-0394-1718/2017) – do primeiro coletor nacional termossolar do tipo calha cilindro-parabólica. O protótipo, instalado em Aparecida de Goiânia (GO) e desenvolvido em parceria com a Eudora Energia, garante que 75% da irradiação solar coletada seja transformada em calor.

O coletor de energia solar consiste em uma estrutura com perfil parabólico, constituída por um conjunto de espelhos onde os raios solares são refletidos. Com a retenção e transferência do calor, num processo de irradiação direta (DNI), o equipamento produz o aquecimento de uma tubulação de óleo que chega a 390oC, meta estabelecida para o projeto de energia termossolar da Eletrobras Furnas.

Os resultados do projeto foram apresentados durante o workshop ‘Encerramento de Projeto de P&D Termossolar’, realizado no dia 26/4 no auditório do Departamento de Segurança de Barragens e Tecnologia da Eletrobras Furnas, em Aparecida de Goiânia (GO).

Desenvolvido com ligas de aço e tecnologias nacionais, o equipamento propicia eficiência energética e deve contribuir para a economia de recursos financeiros e preservação ambiental.

Segundo Moacir Alexandre Souza de Andrade, engenheiro civil e coordenador do projeto, a expectativa é que, com o sucesso dessa etapa, outros estudos possam ser direcionados para o P&D Cabeça de Série. “Com o calor, será possível movimentar, numa próxima fase, um tubo gerador a vapor para produzir eletricidade, com aplicação em usinas de geração de energia”, pontuou.

O workshop ‘Encerramento de Projeto de P&D Termossolar’ abordou as diversas fases do projeto, desde a sua instalação, em julho de 2020. O evento contou com palestras do coordenador do projeto, que fez a apresentação geral do empreendimento piloto. Em seguida, houve as palestras ‘Metodologia geral do projeto’, ministrada por Jonas Rafael Gazoli, da Eudora; ‘Tipos de Tecnologias Hiliotérmicas com concentradores’, apresentados por Nelson Ponce Junior; e ‘Visão geral no mundo e perspectivas de crescimento’ por Roberto Velasquez, ambos também da Eudora. O evento também abordou ‘Armazenamento Térmico, Usinas Híbridas’, com Jonas Rafael Gazoli. Para finalizar, houve o debate com representantes da Eudora, da Eletrobras Furnas e do Centro de Pesquisa de Energia Elétrica (Cepel).

Fabiana Teixeira, superintendente de Estudos de Mercado e Inovações da Eletrobras Furnas, que também participou do workshop, destacou a importância de projetos de P&D voltados à geração de energia renovável, como é o caso da geração termossolar, para a pauta ESG, já que esses projetos contribuem para a descarbonização da matriz elétrica. “É um orgulho muito grande ver projetos de P&D trazendo resultados efetivos para o setor elétrico”, enfatizou.

Já para Victor Hugo Ricco, superintende de Engenharia de Geração da empresa, a importância do projeto se dá, sobretudo, pela nacionalização da estrutura que suporta os espelhos, o tracker que gira o equipamento e o software de acompanhamento do sol. Segundo ele, o uso de materiais nacionais reduz o custo de investimento na nova tecnologia e permite que seja analisada a construção de grandes usinas.

A segunda fase do projeto prevê a construção de uma planta piloto de geração termossolar, com potência de 250 kW, na Usina Hidrelétrica de Itumbiara (MG/GO), integrada à planta fotovoltaica já instalada para a geração de hidrogênio verde, fruto de outro projeto de P&D da Eletrobras Furnas.


Fases do projeto

Em 2022, o primeiro protótipo do captador de energia foi instalado na área do Centro Tecnológico de Engenharia Civil da empresa, em Aparecida de Goiânia. Com 6,70 m de altura e 13 m de comprimento. O protótipo foi desenvolvido com um espelho cilindro-parabólico, um tubo absorvedor, um sistema de rastreamento (tracker), além de estrutura de sustentação e movimentação.

As empresas Eletrobras Furnas e Eudora Energia realizaram os testes iniciais no sistema de rastreamento e aquecimento, identificando seus parâmetros operacionais para otimização e melhoria do sistema coletor.

Já o segundo protótipo foi construído em 2023 com os ajustes identificados para dar início às medições e operações para coleta da irradiação solar.
 

Por: Lilian Pinto