Programa de monitoramento e conservação da fauna da Eletrobras Furnas flagra imagens de lobos-guará na área da Usina de Serra da Mesa

Programa é parte do Projeto de Gestão Ambiental da usina

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O Programa de Monitoramento e Conservação da Fauna da Usina Hidrelétrica de Serra da Mesa (GO), conduzido por Eletrobras Furnas, capturou imagens de lobos-guará na região do empreendimento. O programa é parte do Projeto de Gestão Ambiental da UHE Serra da Mesa, voltado para a população dos grandes predadores, e tem como premissa fornecer dados relevantes para a conservação da espécie Chrysocyon brachyurus, o lobo-guará. A partir da emissão de autorização (ABIO) do IBAMA em 2022, a Eletrobras Furnas passou a executar o programa pelo período de dois anos em quatro estações amostrais, localizadas em Uruaçú, Niquelândia, Serra Negra e Colinas do Sul.  

O programa tem como objetivo aprofundar o conhecimento dos aspectos ecológicos e biológicos da espécie na área de influência da UHE Serra da Mesa, e assim fornecer dados para a conservação do lobo-guará. “Os mamíferos da ordem carnívora podem desempenhar importantes papéis na estrutura e diversidade biológica da comunidade e suas populações podem ser indicadores das condições dos ecossistemas. Esses estudos contribuem para a preservação da espécie”, diz o biólogo Fernando Vieira Machado, do Departamento de Gestão do Meio Físico-Biótico da Eletrobras Furnas.   


Telemetria via GPS  

Os lobos-guará são capturados utilizando armadilhas do tipo Box (desarme independente), e iscadas com alimento para atração do animal. Além dos biólogos, um médico veterinário está à disposição para o devido manejo do indivíduo. Os espécimes capturados ganham coleiras com emissores de sinal GPS por via satélite, para rastreamento na área do Bioma Cerrado da UHE Serra da Mesa. O procedimento irá contribuir com os resultados, fornecendo dados inéditos aplicados à densidade e ecologia espacial destas espécies.   

O rastreamento permite a identificação dos espécimes e a individualização dos futuros registros obtidos. Todas as coleiras serão retiradas dos animais marcados na última campanha de captura, prevista para novembro de 2024. Todos os indivíduos serão fotografados para composição de banco de imagens, sendo os dados cadastrados em uma ficha de identificação individualizada para cada animal.  

Além da captura dos indivíduos e colocação de rádio-colares, são realizadas observações por armadilhas fotográficas (câmeras trap) na área do Bioma Cerrado da UHE Serra da Mesa. As câmeras são disparadas automaticamente pela interrupção do feixe de luz infravermelho emitido continuamente a partir de um dispositivo. Esse método permite analisar a comunidade de mamíferos, sua distribuição espacial e temporal, e o padrão de atividade.  

As inúmeras características marcantes do lobo-guará (patas pretas, crina, tamanho do rabo e partes brancas) auxiliam na identificação dos indivíduos flagrados pelo equipamento. Para isso, posiciona-se a armadilha fotográfica ao longo de uma trilha ou em locais com suspeita de passagem, objetivando uma imagem da lateral do corpo do animal.   

“O uso de armadilhas fotográficas é um método não invasivo, que pode ser utilizado para a amostragem de animais silvestres, especialmente de espécies noturnas e esquivas”, comenta Machado.   

Embora o alvo do Programa seja o lobo-guará, outras espécies de predadores de topo de cadeia também poderão ser amostradas pelas armadilhas fotográficas, contribuindo para um inventário com dados sobre a distribuição da fauna local na área de influência da UHE Serra da Mesa.  

“A utilização de novas metodologias, como as armadilhas fotográficas e radiotelemetria de GPS via satélite, tem permitido a obtenção de dados com maior precisão, aumentando a eficiência da avaliação do status populacional de muitas espécies, principalmente as ameaçadas de extinção”, complementa o biólogo.  

O Plano de Ação Nacional do Governo Federal para a Conservação do lobo-guará teve como objetivo reverter o declínio populacional da espécie em sua área de distribuição, reduzindo a categoria de ameaça. O Plano de Ação Nacional (PAN) para a Conservação do Lobo-Guará contempla quatro espécies ameaçadas de extinção e visa reduzir os impactos provocados nas populações de canídeos silvestres pela alteração de habitats e pelo contato com animais domésticos, além de diminuir a remoção de indivíduos causada por atropelamentos e conflitos com o ser humano. 
 

Por: Fernanda Pontual