Iniciativa pioneira de FURNAS promove eficiência na geração e transmissão de energia por meio de implantação do BIM

O primeiro protótipo do projeto de P&D+I da empresa é da Subestação/UHE Mascarenhas de Moraes (MG)

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Representantes de FURNAS e da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) apresentaram, na sexta-feira (24/9), as premissas e os resultados da iniciativa de P&D+I que busca melhorar o desempenho na execução de projetos e gestão de obras, bem como maior eficiência na gestão de ativos de geração e transmissão. A ação é pioneira no setor elétrico a partir do uso da Modelagem da Informação da Construção – também conhecida como Building Information Modeling (BIM) – associada ao Sistema de Informação Geográfica (GIS) e ao Enterprise Resource Planning. O encontro fez parte do ciclo Workshop Eletrobras “Experiências BIM 2021”.    

Intitulado “Desenvolvimento de Metodologia utilizando o conceito BIM aplicada a projetos de Subestações Integrados a Sistema de Inteligência Geográfica (SIG) e ao Enterprise Resource Planning (ERP)”, o projeto pertence ao Programa de P&D da ANEEL, em atendimento à chamada pública de Furnas 2017.02, para captação de projetos. O projeto é multidisciplinar e conta com a participação de diversos setores da empresa, sob a gestão da Superintendência de Estudos de Mercado e Inovação/Departamento de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Tecnológica, e coordenação técnica da Superintendência de Gestão de Projetos e Empreendimentos /Departamento de Coordenação Técnica e Orçamentária. A UFU é responsável pela execução em parceria com a Imagem Geosistemas.    

Dentre as principais causas do insucesso nas contratações e execuções de obras públicas no país estão os projetos deficientes e mal planejados. Antenada com esta realidade, FURNAS lançou mão da metodologia BIM para apoiar a modernização de usinas e subestações. O primeiro protótipo BIM é da Usina Hidrelétrica de Mascarenhas de Moraes (MG) e de sua respectiva subestação. A implantação desta primeira experiência BIM em FURNAS vai de 2022 (BIM 3D) a 2028 (BIM 7D).   

“Este projeto está em consonância com o propósito de inovação tecnológica e transformação digital de FURNAS, bem como com o Planejamento Estratégico da Eletrobras e a Estratégia Governamental de Disseminação do BIM. Além de minimizar os impactos de eventual perda de receita por atraso nos projetos, o P&D+I BIM tem a missão de atingir a dimensão 7D, que contempla a operação e manutenção de ativos. Também vai permitir a integração do Cadastro de Ativos com a nova base de ativos de transmissão da ANEEL”, afirmou Ana Marotti, engenheira de FURNAS, que lembrou a possiblidade de aproveitamento do modelo pelas demais empresas do grupo Eletrobras.   

Outro produto a ser criado a partir deste P&D será o BIM Mandate, um caderno de encargos que contemplará a metodologia de planejamento, concepção e construção de projetos. O documento servirá de referência para o desenvolvimento de futuros empreendimentos e ampliações de subestações e usinas.  

“O setor elétrico precisa avançar na Gestão integrada de suas obras, garantindo transparência em todas as etapas do ciclo de um empreendimento, ampliando eficiência e reduzindo custos. Dentro deste contexto, esse projeto de P&D+I é estratégico e está totalmente alinhado à diretriz de Inovação Tecnológica da empresa, objetivando difundir e promover a adoção de uma  metodologia integrada BIM/GIS/ERP em FURNAS, e  referencialmente nas empresas Eletrobras, como requisito indispensável para o planejamento, acompanhamento, operação, manutenção e fiscalização dos empreendimentos de geração e transmissão de energia”, afirmou Fabiana Teixeira, Superintendente de Estudos de Mercado e Inovações da empresa.   


Como funciona o BIM   

Ao simular, estimar e ampliar processos, o BIM faz com que seja possível realizar todas as ações de engenharia, contemplando todas as fases do ciclo de um empreendimento -  antes executadas em ambiente bidimensional – em ambiente do desenho tridimensional com a integração de atributos e características elétricas do ativo, integrada ao GIS e ao SAP  (modelagem 3D paramétrica), com domínio do cronograma (4D) e custos (5D). A metodologia envolve tecnologias, processos e políticas para a integração da construção e a representação das edificações de um ativo por meio do 3D.    

“Nosso propósito é entender de que maneira as edificações, os projetos e a condução da contratação da obra podem ser usados de maneira inteligente a partir da representação tridimensional”, explicou Alexandre Cardoso, professor da Universidade Federal de Uberlândia. “Já observamos que, por vezes, os resultados de projetos construídos em BIM são esquecidos ao longo do tempo por falta de processos e políticas que garantam que o BIM evolua. Só assim o ciclo pode ser realimentado pelos diversos setores da empresa. Alguns projetos no mercado ficam restritos à experiência de design com pouco ou quase nenhum reflexo na operação e demais etapas do ciclo de vida útil de um ativo”, alertou o professor.   

Pesquisador da UFU, Gerson Lima ressaltou a integração com o geoprocessamento, bem como a possibilidade de compartilhamento das informações entre diversos setores da companhia. “Todas as informações reunidas no BIM trazem parâmetros que antes estavam em banco de dados isolados na empresa. Hoje, tais parâmetros estão todos disponibilizados em tempo real de projeto. Em caso de necessidade de simulação de uma ampliação de subestação, por exemplo, é possível ter acesso a estas informações que antes ficavam ilhadas em partes diferentes da empresa”, afirmou. “Isso confere mais precisão e efetividade ao projeto, que passa a ser baseado em evidências diárias que a operação do ativo vivencia. Além disso, minimiza erros, perdas e retrabalhos no caso de uma licitação de compras”, finalizou.   
 

Por: Fabiana Castro